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O acontecimento é, no mínimo, histórico: a partir de Outubro de 2003, é possível consultar todo o acervo sonoro de Michel Giacometti na Mediateca do MNE de 2ª a 6ª entre as 9h30m e as 17h15m.
A 18 de Maio de 2002, Dia Internacional dos Museus, o MNE inaugurou a sua
Mediateca, que contempla o Arquivo Sonoro e o Arquivo de Imagens em
Movimento. Nessa altura o Arquivo Sonoro apresentou ao público uma parte das recolhas sonoras de Michel Giacometti – a região da Estremadura que regista 259
fonogramas. Concluído o processo de digitalização de todo o espólio
anuncia-se a sua disponibilização ao público. São 3353 fonogramas cobrindo quase toda a extensão do território nacional e uma pequena parcela respeitante a Documentos Sociais e
Políticos.
Através de uma base de dados, concebida de acordo com as especificidades deste
espólio, o utilizador tem acesso aos registos sonoros enquanto consulta as informações existentes para cada
fonograma.
O Arquivo Sonoro (AS) do Museu Nacional de
Etnologia (MNE) é o sector desta instituição onde se conservam e preservam registos
sonoros. Aqui albergamos uma extensa documentação referente ao contexto etnomusicológico do país bem como de outras áreas do
globo.
Os registos em bobine, cassete, vinil e cd apresentam recolhas de terreno (com especial incidência no contexto
português, africano e brasileiro), memórias da instituição e edições
comerciais. Além de ser o depositário destes registos, o AS procura ser também o local onde se questionam os
materiais. É nesta linha de investigação que se inserem os conteúdos da presente base de dados.
O espólio de Michel Giacometti, constituído por bobines de fita magnética e outros documentos em suporte de papel referentes às recolhas de Música Tradicional Portuguesa efectuadas entre 1959 e 1985, foram adquiridas pela Secretaria de Estado da Cultura em 1985 e confiadas ao Museu Nacional de Etnologia em 1993, por ser esta a instituição que oferecia as melhores condições para a sua
preservação.
Desde 1993 o espólio ficou guardado na Câmara de Frio do MNE, mas só em 1999 foi possível disponibilizar os meios humanos e logísticos necessários ao processo de
digitalização. Os meios logísticos prendem-se com a aquisição de equipamento específico e os meios humanos contemplaram um protocolo de colaboração entre esta instituição e a Escola de Música do Conservatório
Nacional, permitindo a supervisão técnica do AS nos domínios da musicologia e da
informática, bem como o acolhimento de estagiários em antropologia.
O espólio de MG contempla as regiões de Trás-os-Montes, Minho e Douro
Litoral, Beira Alta, Beira Litoral, Beira Baixa, Alto Alentejo, Baixo Alentejo e, na classificação do próprio
colector, Documentos Sociais e Políticos. A estas recolhas correspondem três conjuntos de
bobines: 127 bobines, originais a 19 cm/s; 268 bobines, cópias a 38 cm/s e 133
bobines, cópias a 19 cm/s, os conjuntos foram designados respectivamente por "A", "B" e "C". Os fonogramas que agora disponibilizamos ao público foram digitalizados a partir do conjunto "B"
(cópias a 38 cm/s); esta escolha tem presente três objectivos: a preservação dos
originais, a qualidade do som e facto deste conjunto corresponder a uma cópia montada segundo indicação de Michel
Giacometti, o que tornou a tarefa de corte e numeração de fonogramas mais
eficiente.
A digitalização, que consiste na passagem de som em formato analógico para formato digital foi feita com uma taxa de amostragem de 48 000KHz e 16 bit, sem filtragens ou
equalizações.
Juntamente com as bobines o MNE recebeu um conjunto de fichas dactilografadas correspondendo à transcrição dos fonogramas e uma listagem que discrimina os fonogramas
(título; género, data e código de local).
Ao correr a base de dados o utilizador tem acesso a todas as informações que foi possível disponibilizar até agora e notará também que não há ainda total homogeneidade quanto aos dados disponíveis para cada
região. Essa discrepância deve-se a critérios metodológicos. Numa primeira fase
optou-se por proceder à sistematização e cruzamento da informação simultaneamente com o processo de
digitalização, o que conduziu a um maior preenchimento de campos para as regiões da
Estremadura, Algarve, Trás-os-Montes e Minho e Douro Litoral. Tendo em vista a rápida disponibilização deste espólio ao público
alterou-se a estratégia anterior e passou-se a preencher apenas as informações "de
arquivo" procedendo-se posteriormente à sistematização de dados correspondentes às restantes
regiões.
Esta base de dados visa permitir o acesso ao utilizador a toda a informação disponível até ao
momento, estando igualmente preparada para receber novos dados que entretanto surjam e possam preencher lacunas
actuais.
A ficha completa é constituída por sete blocos de informação
- Dados da Bobine
- Dados das Fichas Dactilografadas
- Identificação por Audição
- Materiais Editados
- Dados da Listagem do Acervo
- Descodificações
- Referências Gerais
Aquando da digitalização procedeu-se à indexação de cada ficha dactilografada ao fonograma correspondente (as fichas dactilografadas indicam o
número de fita com a sigla da respectiva região, o número do trecho, o título ou incipit e a transcrição do
fonograma); a audição de cada fonograma também fornece dados acerca da identificação do informante ou do local de
recolha; é através dos materiais editados (através da identificação dos fonogramas da recolha com os das
edições) que se consegue obter o local, a data (normalmente é um intervalo de tempo e não uma data
específica), a identificação de diversos informantes. Fazendo o cruzamento destes dados com a listagem
consegue-se a descodificação dos locais. Uma vez que as recolhas são em
número bastante superior aos fonogramas editados, que nem todos os fonogramas possuem ficha dactilografada
(nomeadamente aqueles que respeitam a música instrumental) e que nem sempre é possível fazê-los corresponder aos dados da listagem
e/ou aos materiais editados, surgem naturalmente alguns campos em
branco. Quanto ao cruzamento dos dados referentes às regiões da Beira Alta, Beira
Litoral, Beira Baixa, Alto Alentejo, Baixo Alentejo e Documentos Sociais e Políticos será disponibilizado na mediateca do MNE até Dezembro de 2003.
O Museu de Etnologia deixa, inclusivamente, um convite a todos os utilizadores que julguem poder de alguma forma contribuir com sugestões para completar o conhecimento acerca deste
espólio, sobretudo no que respeita à descodificação de locais, que
façam chegar as suas informações.
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